Quando eu ando pelas ruas do Recife, fico impressionado com a grande variedade de problemas existentes. Entidades civis e religiosas, Estado e sociedade civil fazem o máximo para resolver este problema.
Mas, em 2005, o número das crianças e adolescentes na rua (e de rua) cresceu: 2.943 a mais, e com uma triste previsão de que, em 2007, este número chegue na casa de 3.700 vivendo abaixo da linha de miséria.
A situação social e ocupacional das famílias é dramática: as grandes lixeiras são a única fonte de renda, onde crianças e adultos ficam durante o dia procurando comida e lixo reutilizável.
A miséria leva as crianças ao trabalho. Muitas delas começam com até 5 anos de idade, por isso uma escola de qualidade é assim tão importante para o futuro delas, uma solução simples, que lhes dará outras oportunidades.
A essa carência material se junta a carência de valores, e toda a família fica envolvida.
As crianças, para terem condições de vida melhores, deixam as famílias e ficam na rua, que passa ser a casa delas. Aí encontram a cola, que vai ser a comida deles.
A existência deles vai ser uma soma de perdas: dos diretos, da identidade social, dos relacionamentos familiares...
A família não consegue se quer ficar com os filhos, não tendo nada a oferecer, só fome e miséria. Ás vezes, penso que, fazer trabalho social numa grande cidade, é como abrir uma caixa embrulhada num monte de papel.
Enquanto cada embrulho vai sendo tirado, logo se encontra o próximo. Assim é trabalhar na grande cidade. Você começa com um problema e logo encontra o próximo.
Nesta caminhada, no centro de Recife, encontramos embrulhos dos meninos de rua, e logo se vêem embrulho das meninas e seus bebês; os problemas das famílias nas favelas, a AIDS, a promiscuidade, a droga, crianças deficientes.
Enquanto desembrulhamos esta caixa, cada embrulho se torna um novo desafio.
Termino com esse texto: "Abre a boca a favor do mudo, pelo direito de todos os que se acham desamparados.Abre a boca, julga retamente e faze justiça aos pobres e aos necessitados." (Pv 31:8-9)
Quem está disposto a desembrulhar essa caixa?
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